Notas soltas enquanto acompanho o cinquentenário do monumento a Cristo-Rei:
1º - Não há volta a dar ao jornalismo português: a TVI24 diz em rodapé que a "imagem da Santa está em Lisboa".
2º - Vê-se uma bandeira brasileira na procissão que partiu de S. Nicolau até ao Terreiro do Paço. Portuguesas (da república ou de Portugal mesmo), nem uma.
3º - Os jornalistas demonstram constantemente o habitual analfabetismo em matéria religiosa: não dominam a terminologia, não sabem do que falam e cobrem os acontecimentos como se de um qualquer espectáculo mediático se tratasse.
4º - O episcopado ajuda à festa: em vez de ter seguido com a procissão pelas ruas da baixa, abancou-se em frente às câmaras da RTP para comentar os acontecimentos. A mesma RTP que está a passar explicitamente a mensagem de que a edificação do monumento a Cristo-Rei foi obra ideológica do "fassismo".
5º - Os bispos que estão na RTP - em detrimento do acompanhamento que deviam à cerimónias - falam da caridade como se tivesse que ser reinventada. A propósito, recordam o simpósio que se realizou ontem em Lisboa, precisamente sobre a reinvenção da solidariedade. Covinha pois que explicassem de que forma pretendem essa reinvenção ou se não passará de uma simples conversão da virtude cristã (caritas) em apologia de uma certa democracia socialista (solidariedade de pacote ideológico).
6º - Ontem estive em Almada (onde amanhã vou ter oportunidade de acompanhar de perto a imagem da Senhora de Fátima) e num dos pontos de passagem da procissão as varandas já mostram sinais de quererem acolher a Virgem.
7º - Início da Missa junto ao Terreiro do Paço: para cântico de entrada escolheram o hino do Jubileu do ano 2000. Embora seja imponente e encha o ouvido, está absolutamente desfasado.
8º - Cantaram um Kyrie gregoriano (este)! Nada mau! Já o Gloria, em polifonia acompanhada pela orquestra dos Arautos do Evangelho, deixa muito a desejar. A Missa não é um concerto. Mas enfim...
9º - A homilia de D. José foi aparentemente excelente. Mas ficou, como sempre, a pairar uma dúvida: em que consiste hoje para a Igreja o Reinado Social de Cristo? Policarpo disse que Jesus não reina como quem governa e exerce poder. O paralelismo com as monarquias existentes na Europa é evidente: um reinado em tudo insuficiente, impotente perante as demandas do mundo e que permite um governo em tudo afastado da moral católica. É este reinado que queremos? É este Cristo-Rei que anunciamos? De que nos serve o Reinado Social de Cristo se Ele não reinar efectivamente?
10º - Terminada a Missa, a imagem da Capelinha das Aparições será levada em procissão fluvial até Cacilhas. Um serviço magnífico e absolutamente voluntário da Marinha portuguesa, acompanhada por inúmeras embarcações particulares. Um momento muito significativo e digno de memória. Do Sagres, os marinheiros saudarão Nossa Senhora dos mastros.
11º - O cântico de Acção de Graças faz ouvir em Lisboa um vitorioso "Gloria a Cristo, Senhor Imortal, nosso Cordeiro Pascal, Alleluia!". Maravilhoso!
12º - No pequeno cortejo depois da Missa em direcção ao rio, um pedaço de Fátima na capital: lenços brancos e Fé! E canta-se o "Salve estrela do Mar".
13º - À entrada da Senhora de Fátima no barco de transporte, os oficiais da Marinha batem continência à Virgem! Colocam a imagem sobre a ponte da embarcação, engalanada com flores. Magnífico! Entretanto, os cadetes já estão nos mastros do Sagres para saudar a Mãe de Deus.
14º - Imagens muito emocionantes, estas da travessia do Tejo: barcos com bandeiras da Santa Sé; os oficiais da embarcação de transporte a saudarem Nossa Senhora com lenços brancos; salvas de tiros do Sagres! Haja Fé em Portugal!
15º - Que bonita recpção que a Armada fez em Cacilhas à imagem da Senhora de Fátima, prestando todas as honras.
16º - Ver tanta gente a saudar a chegada da imagem à margem sul do Tejo coloca-me um sorriso na boca.
17º - A imagem está a chegar à igreja nova de Almada, onde se vai realizar uma vigilia de oração. Ontem estive lá por motivos relaccionados com a visita da Senhora de Fátima. Foi a segunda vez que entrei no que considero ser um dos mais aberrantes templos portugueses: modernista ao máximo, sem lógica arquitectural nenhuma, com uma disposição liturgica conciliarista elevada ao extremo, paredes cinzentas a fazer lembrar um qualquer bunker, um banco de jardim modificado a servir de "presidência", um altar que mais parece a mesa de jantar do meu avô, azuleijos baratos, iluminação de cozinha, etc. Uma tristeza que não apela em nada ao encontro com Deus. É feia, extremamente feia, e tenho dúvidas que alguém a quisesse por casa, quanto mais para casa do Senhor! Assistam à emissão de amanhã, às 10h, e verão do que falo. Uma vergonha muito ao estílo da igreja da Santíssima Trindade na Cova da Iria.
18º - 180.000 pessoas na Missa junto ao Terreiro do Paço (fora as que esperaram a imagem na margem sul) é obra! Comparando com as grandes manifestações, dos professores às abriladas, é uma chapada sem mão na cara de muita gente.
(continua aqui)
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Te igitur, clementissime Pater