Em A Origem da Tragédia, no Tentame de Autocrítica que Nietzsche escreve dezasseis anos depois da primeira edição:
(...) a existência do mundo não se pode justificar senão como fenómeno estético. Efectivamente, no fundo de tudo quanto existe, este livro não reconhece senão um pensamento patente ou oculto de artista. O pensamento de um «Deus», se quiserem, mas, neste caso, um deus puramente artista, absolutamente liberto do que se chama escrúpulo ou moral, para quem a criação ou a destruição, o bem ou o mal, sejam manifestações do seu arbítrio indiferente e da sua omnipotência; que se desembarace, ao fabricar os mundos, do tormento da sua plenitude e da sua pletora, que se liberte do sofrimento dos contrastes acumulado em si próprio. O mundo, a objectivação libertadora de Deus, em consumação perpétua e renovada, tal como visão eternamente mutante, eternamente diferente, de quem é portador dos sofrimentos mais atrozes, dos conflitos mais irredutíveis, dos contrastes mais perfeitos, de quem não pode emancipar-se nem libertar-se senão na aparência: eis a metafísica do artista.
outras tribunas
Foederatio Internationalis Una Voce
Te igitur, clementissime Pater