Descobri Deus no sentido dramático da vida e não consigo encontrar hoje situação mais dramática que a do Tabor: Jesus, com Pedro, Tiago e João, sobe a um monte muito alto e transfigura-Se diante deles, revelando a Sua divindade profética, cume da História da Salvação da qual são Moisés e Elias marcos impares. O Cristo Senhor anuncia fisicamente no Seu Corpo a elevação da nossa condição por Ele, Nele e com Ele.
Digo que descobri o transcendente no drama da vida, bem como que é dramática esta manifestação messiânica concedida àqueles três, porque não falo do drama do medo ou do terror. Trata-se do drama do temor, sentimento transversal aos que com Ele chegaram ao topo e ali viram a Glória que vem do Alto. O temor é ele mesmo dramático, porque intensamente devido à Verdade da existência que o permite. É uma contemplação que, de tão profunda e abismal, acarreta uma dramática vertigem de Amor pelo mergulho na certeza de que esse Amor é Deus e a Essência de estarmos aqui.
Onde podemos buscar hoje esse drama do amor? Onde encontrar a transfiguração que nos faça ver mais além do imediato e da imanência da alma moderna? A quem iremos e por onde percorreremos esse trilho de subida ao Tabor? Eis a procura de tantos que recusam apartar-se do alcance do que está mais além.
À Igreja cabe o dever de lhes transmitir e doutrinar que se tivermos em conta que só pelo Sacrifício de Cristo nos afastamos do pecado original do velho Adão; que se soubermos que só pela Via Crucis ressuscitaremos; que se acreditarmos que em nenhum outro Homem encontramos o Caminho para o Outro; que se, enfim, atentarmos à Cruz, sábia e fiel árvore que liga Deus aos Homens, chegaremos sem dúvida à Ceia Pascal do Calvário sacramental.
Contemplemos pois o Sacramento Eucarístico e veremos o que Pedro, Tiago e João temeram, pelo milagre permanente da transubstanciação das espécies. Subamos ao abismo do Altar de Deus e comunguemos da promessa do Salvador.
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Te igitur, clementissime Pater