Quarta-feira, 12 de Maio de 2010
O Santo Padre diz isto no CCB:
Há toda uma aprendizagem a fazer quanto à forma de a Igreja estar no mundo, levando a sociedade a perceber que, proclamando a verdade, é um serviço que a Igreja presta à sociedade, abrindo horizontes novos de futuro, de grandeza e dignidade.
E a comunicação social faz passar a ideia de que a Igreja tem de adaptar-se ao mundo... As palavras de Bento XVI podiam ser vistas como uma crítica ao modo essencialmente progressista como a Igreja se apresenta hoje aos homens - fruto de um certo espírito modernista que nasceu no CVII. Podiam até ser interligadas com a insistência na continuidade da Tradição versus a ruptura entre o novo e o antigo. Para isso, podia ter contribuído o seguinte:
"Este 'conflito' entre a tradição e o presente exprime-se na crise da verdade pois só esta pode orientar e traçar o rumo de uma existência realizada, como indivíduo e como povo".
Bento XVI reafirmou a vontade da Igreja em assumir uma "renovada consciência" que "assume e discerne, transfigura e transcende as críticas que estão na base das forças que caracterizam a modernidade, ou seja, a Reforma e o Iluminismo".
Mas não. Grande enfoque numa suposta noção de cidadania global fundada nos direitos humanos e grave (mas habitual) distorção do que continua a não interessar discutir. E logo num discurso em o Papa afirma peremptoriamente que Cristo é a Verdade!
De
JSarto a 12 de Maio de 2010 às 15:41
De qualquer modo, hoje vislumbrei alguma ambiguidade no discurso que Bento XVI proferiu no CCB, num estilo demasiado próximo do de João Paulo II, a recordar-nos que o actual pontífice, apesar de muito amigo da tradição, é permeável a conceitos pouco tradicionais. Veja-se o caso da "civilização do amor": o que é isso, pergunto eu? Se isso for o Reinado Social do Coração de Jesus, aceito essa civilização; caso contrário, prescindo dela.
Surpresa, e grande, foi o discurso do cineasta Manoel de Oliveira: a parte final foi mesmo notável, ao evocar os fundamentos cristãos da civilização europeia. Parecia mesmo que era Hilaire Belloc quem ali discursava.
Não o nego. Aliás, concordo consigo. As contradições parecem constantes, embora considere que se lermos atentamente os discursos e homilias de Bento XVI notamos que determinados trechos que parecem menos tradicionais podem ser melhor interpretados se lidos à luz de outras considerações expostas nos mesmos, e não isoladamente (apanágio dos media). Paracem contrários, mas não serão antes inevitabilidades de discurso que, preenchidas com outras afirmações absolutamente tradicionais, ganham novo sentido - um sentido que não sabemos hoje descortinar a não ser pela bitola a que estavamos habituados?
De
JSarto a 12 de Maio de 2010 às 16:03
Eu quero crer que sim, mas isto causa não poucas confusões a muita gente menos prevenida e coloca-nos entre dois fogos: o dos sedevacantistas e o dos progressistas radicais, que usam e abusam destas ambiguidades aparentes para nos castigarem.
Sem prejuízo, eu acredito, e passe a expressão, que o grande coelho que o Papa traz na cartola, só será puxado para fora amanhã de manhã em Fátima. E é isso que definirá esta viagem, em detrimento de tudo o mais.
Certamente. As declarações à imprensa no avião indicam isso mesmo. E por isso mesmo ainda não as comentei aqui, porque amanhã terão seguimento...
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